quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Filme: "O Fio da Navalha" (The Razor's Edge), de 1946

Cena de "O Fio da Navalha" (1946): qualquer semelhança com Caspar Friedrich...


É um belo filme dos anos 40 (1946), que também traz interessantes conexões com a nossa temática: transmutações pessoais e xamanismo.




The Razor's Edge é uma adaptação do romance homônimo do escritor inglês Sumerset Maugham (1874-1965) e se passa no entre-guerras, período que deu nascimento a uma impressionante geração de escritores, como Fiztgerald, Williams, Hamingway e Henri Miller: a chama "Geração Perdida".



S. Maugham



O título provém do provérbio oriental:

"The sharp edge of a razor is difficult to pass over; thus the wise say that the path to salvation is hard."


Tendo como pretexto da narrativa a vida de três jovens amigos nos anos 20/30 - e como pano de fundo a dissolução do mundo tradicional ocorrida no pós-I Guerra - essa história de sabor existencialista irá tratar na verdade do inconformismo radical e da busca interior por parte de um "Outsider" para alcançar uma genuina liberdade, um ato de coragem que irá culminar com o rompimento de todos os referenciais tradicionais.



Embora siga uma narrativa linear, clássica, The Razor's Edge, além de belo, segue fielmente o romance de Sumerset Maugham, conhecido pelo seu fascínio pelo Oriente e por sua delicada pena, capaz de unir a leveza e a reflexão.




Filmes como esse mostram quão "careta" se tornou, posteriormente, o "establishment" cinematográfico, sobretudo no final do século XX e início do XXI.

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E, de fato, a refilmagem realizada em 1984 - tendo Bill Murray no papel principal - é bem inferior ao original, pois não soube explorar as potencialidades do romance e, sobretudo, as sutilezas psicológicas do personagem principal (na verdade, de todos os seus personagens...).

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